Lucas 4:1-13

V1. Jesus estava cheio do Espírito Santo. Por quê? Porque acabara de confessar publicamente a sua missão, sendo testemunhado por uma grande quantidade de pessoas que Ele era o Filho de Deus. Segundo João Batista, Ele foi apontado como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).

Quando somos reconhecidos como filhos de Deus e confessamos publicamente nossa fé, não nos limitando a palavras, somos igualmente cheios do Espírito Santo.

Jesus estava cheio do Espírito Santo e foi guiado ao deserto. Isso significa que, quando estamos cheios do Espírito, até nos lugares mais áridos Ele nos guia. Todo lugar para onde Deus nos conduz tem um propósito, pois “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, que são chamados segundo o Seu propósito” (Romanos 8:28).

V2. Deus nos guia, pelo Seu Espírito, para lugares e tempos específicos. O diabo aproveitou a oportunidade da aparente fraqueza ou provação de Jesus para tentá-lo. No entanto, Jesus atendeu à direção do Espírito e não deu importância para suas necessidades aparentes. Ele tinha um propósito, entendeu seu chamado e buscou se apresentar aprovado a esse chamado. Ao final de 40 dias, Ele teve fome. Antes disso, provavelmente tenha experimentado grande desconforto, mas estudos apontam que, após três dias sem comida, a sensação de fome diminui, desde que a hidratação seja mantida. Aqui, a Bíblia diz que Jesus apenas teve fome.

V3. O diabo é o tentador, mas ele não tem o poder de criar a tentação; esta é interna a cada pessoa (Tiago 1:14-15). O diabo observa e deduz aquilo que nos motiva e seduz. Ele aproveitou o fato de que Jesus teve fome para tentar desviá-lo de seu objetivo. Mas por que o diabo esperou até agora para tentá-lo, se teve 30 anos para isso? Porque somente agora foi público e reconhecido pelo próprio Deus que Jesus é o Filho de Deus (Lucas 3:22). O diabo sabia que o Messias viria, pois conhece as Escrituras melhor que nós, e, ao descobrir quem Jesus era, tentou desviá-lo de seu alvo.

V4. Jesus conhecia a Palavra e sabia que ela traz encorajamento contra as tentações. Ele respondeu: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Deuteronômio 8:3). Aqui, Jesus faz referência ao episódio do maná no deserto, quando Deus sustentou o povo de Israel diariamente, mostrando que dependiam totalmente dEle. O maná era provisão divina, mas apontava para algo maior: a Palavra de Deus como verdadeiro sustento para a vida. Assim como os israelitas precisavam confiar em Deus todos os dias para receber o maná, nós devemos confiar continuamente na Palavra que vem do Senhor para nos sustentar espiritualmente.

V5. O diabo mudou de estratégia e tentou impressionar Jesus mostrando seu suposto poder.

V6. Depois de exibir o poder, o diabo tentou validar sua autoridade, alegando que poderia fazer o que quisesse com ele. Vale lembrar que esse poder foi outorgado ao diabo por Adão, quando decidiu desobedecer a Deus. Deus havia dito a Adão para dominar sobre tudo (Gênesis 1:28), mas Adão permitiu que o diabo o dominasse no Éden.

V7. Agora vem a persuasão e a oferta. O diabo tentou explorar uma suposta fraqueza de Jesus, mas falhou. Jesus sabia quem era e que não precisava provar Seu poder. Afinal, foi por meio Dele que tudo foi criado, inclusive o próprio diabo (João 1:1-3).

V8. Jesus respondeu imediatamente com o primeiro mandamento: “Adore somente ao Senhor, seu Deus, e sirva somente a Ele” (Deuteronômio 6:13). Ele tinha clareza do que realmente importava.

V9. O diabo levou Jesus ao ponto mais alto do templo. Esse ato tinha várias intenções: o templo era o local de adoração a Deus, mas também havia sincretismo religioso, onde muitos idolatravam o próprio templo. Colocar Jesus ali poderia ser visto como um reconhecimento de Seu poder e uma oportunidade para mostrar sinais sobrenaturais. O diabo queria testar se Jesus usaria sua condição divina para impressionar os outros.

V10-11. O diabo citou a própria Escritura para sustentar sua tentação, usando o Salmo 91:11-12, que foi escrito como uma oração de proteção em tempos de guerra e doença. Ele distorceu o significado do salmo, sugerindo que Deus era obrigado a proteger fisicamente qualquer um que recitasse essa passagem, como se fosse uma fórmula mágica.

V12. A resposta de Jesus foi enfática: “Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Deuteronômio 6:16). Moisés havia dito isso ao povo de Israel em referência ao episódio de Massá (Êxodo 17:1-7), quando os israelitas testaram Deus exigindo um sinal imediato de Sua presença. Jesus não caiu na cilada e não precisava provar nada.

V13. Jesus foi tentado em três áreas que todos nós enfrentamos:

  1. Necessidades físicas e naturais (pão para matar a fome);
  2. Necessidade de aceitação e propósito (poder e glória dos reinos);
  3. Identidade e autoestima (demonstrar Seu poder pulando do templo).

Em todas as áreas, Jesus foi vitorioso. O diabo se afastou dEle por mais de três anos, voltando a agir no Getsêmani, quando um esquadrão veio prendê-lo. Isso mostra que o diabo é o tentador, mas a tentação é interna a cada um. Muitas das dificuldades que enfrentamos não são obra do diabo, mas consequência de um mundo caído pelo pecado. O diabo não venceu Jesus, mas venceu outros, que foram usados para tentar derrotá-lo. As fraquezas humanas foram o maior opositor de Cristo, mas Ele permaneceu firme em sua missão.

Conclusão e Desafio

Diante do que analisamos, fica um questionamento essencial: como temos lidado com as tentações? Será que estamos culpando o diabo por tudo, quando, na verdade, muitas vezes somos nós mesmos que buscamos aquilo que nos afasta de Deus? A tentação não vem do nada, ela nasce dos desejos humanos (Tiago 1:14-15).

Jesus nos mostrou que é possível vencer. Ele não apenas resistiu à tentação no deserto, mas venceu o pecado e a morte, garantindo que, nEle, também podemos superar as lutas internas que enfrentamos. Mas isso exige uma escolha e um posicionamento.

O desafio é este: examine-se. Quais áreas da sua vida você tem permitido serem conduzidas por impulsos, desejos desordenados ou desculpas? Você está vivendo na dependência de Deus e na autoridade da Palavra ou se permitindo ser levado pelo que parece mais fácil e atraente no momento?

A vitória não vem por acaso, mas pela decisão diária de seguir o exemplo de Cristo. Como você vai se posicionar a partir de agora?

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